18.3.11

Poema Perdido



Sou a estrada perfeita
O caminho sem fim
Via de mão única em rota de colisão com o infinito
Highway to Nowhere

Sou o gole no fundo da taça
Que embriaga de vez
Entorpece e encoraja
Embaça a vista e confunde o cérebro.

Sou a névoa da madrugada
que tras o orvalho, a bruma e a brisa
Vento frio no meio do calor mundano
que anuncia a Lua Cheia
e cobre tudo com seu véu etéreo

Sou o espaço que está faltando
A palavra não dita
O sentimento sufocado
pixado no muro
largado num canto
esquecido embaixo do travesseiro

Sou o sol que arde e queima
Renova e nutre
Ilumina as ruas e a melancolia
Lembra que a vida existe e continua
Passado remoto num redemoinho
que paralisou e morreu

Sou a noite que traz
A magia, o desejo, a fome, a sede e o sexo
Futilidades estranhas
Objeto de desejo
Caça perdida sem destino e sem predador
Fúria afiada na raiva
Lapidada na marra
Sentimento esquisito que me toma
me envolve e some

Sou o poema perdido
Assim como tantas outras coisas
O jogo de xadrez
A palavra cruzada
O copo vazio
A mão que acaricia
Bicho de pêlo macio
Toque suave
Mira certeira
Corpo quente
Um paradoxo enfim

Sou o sentimento e a ação
A força do guerreiro
O perdão da estupidez
A procrastinação de algo inevitável
Queda do Império
Ascenção da palavra, da objetividade e da simplicidade

Sou o tudo e o nada
A arma, a luva ou o cajado
Pedra preciosa cravejada na coroa
Diamante de Ametista
Lembrança de um épico
Presente dos Deuses
Gota na tempestade
ou simplesmente
algo inominável

Sou o que sou. E isso muda tudo.
No seu mundo e no meu.

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